sexta-feira, 4 de outubro de 2013

MEIO AMBIENTE > DEZ PEQUENAS HISTÓRIAS DE GRANDES EXTINÇÕES PROVOCADAS PELO HOMEM

1) ELEFANTE-SÍRIO


  Nossa história começa antes mesmo de Cristo, nas regiões que hoje compreendem a Síria e o Irã. Em meio à poeira e aos gritos de uma batalha destaca-se um grande animal, utilizado como arma de guerra, o Elefante Sírio. Seu porte, maior do que o de seus primos indianos os torna muito cobiçados por generais que os utilizavam mais ou menos na mesma função dos blindados de hoje em dia.
                          
  Porém, apesar da violência das guerras e de muitos destes animais terem sucumbido ao ataque de lanças, foram os artesãos e não os soldados os seus maiores inimigos. A produção de artesanato e de móveis com o marfim de suas presas fez com que este respeitável ‘senhor da guerra’ fosse caçado até a sua extinção.  

  O Elefante-Sírio extinguiu-se aproximadamente no ano 100 A.C.


2) ÁGUIA-DE-HAAST

  
  Estamos agora no século XV na Ilha Sul do arquipélago que hoje é conhecido como Nova Zelândia. Uma perseguição inusitada ocorre deixando por vezes no chão a sombra de uma ave enorme perseguindo outra grande ave que foge com muita velocidade. Os animais em questão são a Moa que está sendo perseguida e a Águia-de-Haast que faz o papel de perseguidora. Os maoris que habitam a região, embora já estivessem acostumados com esta cena, revelam-se apreensivos em todas as vezes que ela se repete. O espetáculo é dantesco e assustador. Haverá um duelo de titãs? Porém a ave de rapina com sua garra tão poderosa quanto a de um tigre e seu bico poderoso logo dissipa estas dúvidas e encerra o espetáculo da forma mais previsível possível, afinal ela é o topo da cadeia alimentar neste ecossistema e ninguém, nem mesmo os homens ousariam desafiá-la. 
  Porém nem mesmo todo este poder e a aparente ausência de um predador natural foi o suficiente para evitar a extinção da Águia-de-Haast. A maior águia que o mundo já conheceu sucumbiu, principalmente, por causa do extermínio de outros animais que lhe serviam de alimentos.
  A majestosa Águia-de-Haast extinguiu-se por volta do ano de 1500.
Nota: Seu nome é uma homenagem ao geólogo alemão Julius Von Haast que em 1872 fez a descrição da espécie.                     

3) MOA



                                        
  Continuamos na mesma cena proposta acima. Apesar de toda a sua dramaticidade, a Águia-de-Haast não foi o maior problema enfrentado pela Moa. Pois, suponhamos que a Moa da cena acima tivesse conseguido fugir da grande ave que a perseguia. Alguns minutos depois, ainda cansada por seu enorme esforço, ela poderia facilmente ser abatida por um guerreiro maori hábil no manejo de uma lança. Não poderia?

  Este foi o grande problema que vitimou a sua espécie. Os maoris caçaram-na até a extinção e saquearam seus ninhos para roubar seus ovos, que serviram não só como alimento, mas também como utensílio ‘doméstico’. Sua carne era aproveitada para o consumo. E seus ossos para a confecção de objetos.
 
  Vamos a mais alguns dados da Moa: Era um animal endêmica. Podia medir cerca de 3 metros de altura e pesar até 200 kg. Nidificava no chão. Colocava de 1 a 2 ovos. E não sabia voar.  Sua extinção ocorreu aproximadamente no ano de 1500. Alguns cientistas acreditam que algumas Moas menores possam ter sobrevivido em artes remotas da ilha do Sul até o início do século XIX.  

4) LEÃO-EUROPEU



   Passemos agora para Roma, ano 98 da Era Cristã. No Coliseu enquanto o público delirava com as lutas entre gladiadores, nos bastidores do ‘espetáculo’ seus organizadores estavam preocupados com uma crise que aparentemente se abatia sobre outra atração muito popular no seu ‘circo’: a luta entre animais. Seus caçadores praticamente não conseguiam mais encontrar leões em regiões não muito distantes da capital do Império, sendo necessário viajar até o leste do continente para capturá-los, embora já com muitas dificuldades. Mas não era só o espetáculo que estava sendo prejudicado, e sim o velho costume romano, que assim como os gregos faziam da caça ao leão um de seus esportes preferidos.
   As importações de leões da África e de partes da Ásia conseguiriam atender a demanda? Afinal, o público talvez não se contentasse em ver apenas ursos, tigres, touros, leopardos e rinocerontes se atacando mutuamente e matando-se uns aos outros. Pois uma das partes mais aguardadas do espetáculo era aquela em que os leões famintos dividiam a cena com criminosos, com desertores ou com os teimosos cristãos que eram jogados na Arena de mãos vazias.
   Mas não foram apenas os romanos os responsáveis pela extinção do leão-europeu. Por todo o continente o avanço humano sobre áreas onde este animal habitava com certeza provocou conflitos entre estas espécies que quase sempre acabavam com desvantagem para o felino em questão, tornando seu próprio habitat sua arena mais mortal.
  O Leão-Europeu extinguiu-se por volta do ano 100 D.C. 
 
 5) PÁSSARO-ELEFANTE



 
  O que poderia haver em comum entre um pássaro e um elefante? Atualmente, talvez nada. Mas até o século XVII viveu exclusivamente na ilha de Madagascar uma ave que ficou conhecida justamente como Pássaro-Elefante.

  Seus ovos eram maiores do que os de dinossauros, tendo cerca de 91 centímetros de circunferência. Seu peso poderia tranquilamente chegar a quase meia tonelada! Sua altura beirava os três metros! Que outro nome esta ave poderia ter?

  Para a sorte dos outros moradores da ilha, este pássaro, assim como os elefantes verdadeiros era herbívoro.

  Todo seu tamanho e seu aspecto que com certeza deveria ser assustador para quem cruzasse com ele pela primeira vez, não impediram, no entanto os ataques do único predador que ele conheceu: o homem.  

  O homem caçou-o, aproveitando-se da sua incapacidade para o vôo. O homem roubou seus ovos. O homem invadiu o seu habitat e introduziu espécies alienígenas que também atacavam seus ninhos. 

    Pode-se imaginar a cena de um homem aproveitando-se da ausência de uma destas aves, para roubar um de seus ovos e transportá-lo, obviamente com certa dificuldade, para o seu lar. Pode-se imaginar a alegria estampada no rosto de seus filhos ao verem o alimento que seu pai trouxe. Mas imagino também o espanto destes homens no dia em que perceberam que não havia mais nenhum destes pássaros em sua ilha. Penso até que eles, talvez, possam ter poupado alguns ovos com a intenção de permitir que a espécie voltasse a povoar o local. Pois, posteriormente, muitos ovos foram encontrados intactos, embora fossilizados.
 
   O Pássaro-Elefante extinguiu-se possivelmente em meados do século XVII.


6) AUROQUE




  Se um viajante medieval estivesse registrando em seu diário momentos marcantes de sua jornada por estepes e pradarias européias com certeza mencionaria os rebanhos de bois selvagens, conhecidos como Auroque. Talvez até arriscasse fazer algum desenho deste antepassado de nossos bois modernos assim como os homens da pré-história fizeram nas paredes de cavernas, registrando cenas de suas memoráveis caçadas.

 Todos os Auroque originais, sem misturas, eram selvagens, pois estes grandes e poderosos animais que segundo o imperador romano Júlio César era “um pouco menor do que um elefante” jamais foram domesticados, ou seja, nunca foram criados ou preservados em cativeiro.


 Seu território que na Pré-História se estendia da Península Ibéria até Coréia e da Sibéria até a Índia, foi diminuindo drasticamente até se limitar a Europa Central. Esta redução territorial aliada à redução populacional, ainda mais drástica, devido ao aperfeiçoamento das armas e das técnicas de caça, trouxe trágicas conseqüências para esta espécie que acabaram por levá-la a extinção. O último Auroque conhecido, uma fêmea, foi morto em 1627, na floresta de Jaktorowka, atual Polônia. 

7) DODÔ

 Em meados do século XVI alguns marinheiros que chegaram a ilha Maurício encontraram nela um estranho pássaro de aparência desajeitada, que pesava cerca de 20 quilos, não voava e fazia os seus ninhos no chão. Esta ave, até então, não tinha inimigos naturais mas desta data em diante tudo mudaria drasticamente: a caça iniciada pelos homens e pelos animais domésticos que foram introduzidos na ilha dizimaram a espécie. Acredita-se que o último Dodô foi abatido em 1681 para servir de refeição a um grupo de pescadores. Estima-se que, além desta ave, outras 24 de um total de 28 espécies endêmicas do Arquipélago das Mascarenhas (Maurício, Reunião e Rodriguez) tenham sido aniquiladas da mesma forma após o seu infeliz contato com o homem civilizado. Entre elas, destacam-se o R.Solitarius da Ilha Reunião e o Pezophaps Solitarius da Ilha Rodriguez


8) DUGONGO-DE-STELLER




  No ano de 1768 o último exemplar do DUGONGO-DE-STELLER (ou Vaca-Marinha-de Steller) é caçado no Mar de Bering, decretando a extinção da espécie. Seu tamanho avantajado (até 8 metros) e seu peso colossal (algo entre cinco e onze toneladas) tornavam-na o maior representante da Ordem dos sirenídeos, a mesma do Peixe-Boi. Lamentavelmente, tamanho porte representava além de lentidão, enormes quantidades de carne, gordura e pele, atributos muito apreciados pelos caçadores e comerciantes da época. Detalhe: esta extinção ocorreu míseros dezessete anos após a primeira descrição científica da espécie, realizada pelo naturalista alemão Georg Steller, de quem herdou o nome.


9) GRANDE AUK


  Nossa jornada segue nas geladas Águas do Atlântico Norte, principalmente nos litorais do Canadá, do nordeste dos Estados Unidos, da Groenlândia, Noruega, Islândia, Ilhas Faröe e Grã-Bretanha. Regiões de frio intenso. Frio devastador. Mas não frio o suficiente para deter o poder de destruição do homem.
  Estamos em meados do século XIX e mais uma espécie, depois de muito lutar por sua existência, vive seus últimos suspiros. O Grande Auk foi caçado por séculos pelo homem, ora para alimento, ora por suas penas, ora para utilizá-lo como isca de pesca e até mesmo para queimá-los vivos devido a escassez de madeiras na região, pois segundo relatos do século XIX, nessas condições seu corpo produzia uma espécie de óleo com capacidade de manter viva uma chama. O pior é que a sua raridade, o seu fim que se aproximava a passos largos, atraiu sobre o pobre animal um novo tipo de predador, aquele que procurava roubar seus ovos para vendê-los a ricos colecionadores europeus.  No mês de julho de 1844 o último casal do Grande Auk foi morto enquanto chocavam um ovo. Em estimativas anteriores a este trágico desfecho a população desta ave atingiu 200.000 indivíduos. E em épocas ainda mais remotas acredita-se que o número de Auk's chegou a milhões de indivíduos.



10 ) KOREKE ( CODORNIZ OU CODORNA DA NOVA ZELÂNDIA)

O século XIX presenciou também, entre tantas tragédias animais, a extinção de uma pequena ave endêmica da Nova Zelândia. Seu nome, segundo os nativos da ilha, era Koreke, mas para os ingleses ela passou a se chamar Codorniz, ou Codorna da Nova Zelândia. Os homens foram os algozes da espécie, caçando-a, pois sua carne era muito apreciada, ou, sendo os responsáveis pela introdução de animais ‘estrangeiros’ como cães, porcos e ratos que se tornaram vorazes predadores. Apenas 40 anos se passaram entre a primeira captura ocorrida em 1827 e a morte dos últimos exemplares ocorridas entre 1867 e 1868. Um recorde triste que não deve trazer nenhum orgulho a raça humana.





(EM BREVE NOVAS PEQUENAS HISTÓRIAS....)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

EDUCAÇÃO > O EXEMPLO FINLANDÊS



  Alguns dias atrás vi na televisão um documentário sobre a educação na Finlândia e duas colocações me chamaram muito a atenção:

  1ª) A colocação de um funcionário do governo: "Na Finlândia o professor é um dos profissionais mais respeitados."

  2ª) A colocação de uma aluna: "Hoje temos muito mais liberdade dentro da escola do que no tempo de nossos pais, mas todos nós sabemos que há um limite e respeitamos isso."

  Será que esta valorização do professor e esta liberdade limitada dentro da escola não são grandes responsáveis por fatos como este apresentados abaixo? 


                                                       (Jornal NH 28/11/2012. Pg 24)    

Penso que sim!!
    

POLÍTICA > IMPOSTOS & PALHAÇADAS



  O que precisa ser feito urgentemente no Brasil?

   Na minha humilde opinião nada é mais urgente, em relação a medidas políticas e econômicas, do que a diminuição de impostos. Para exemplificar esta afirmação vou contar um caso vivido por um amigo:

   Recentemente este amigo que é motociclista esteve no Uruguai para comprar pneus para a sua moto. Mas por que ir tão longe para comprar pneu?
  Vejamos: Ao fazer a comparação em diversas lojas meu amigo finalmente encontrou o que procurava pelo tão sonhado melhor preço. Tratava-se, segundo o vendedor que o atendeu, de um ótimo pneu importado por um valor realmente muito bom. Meu amigo comprou sem pestanejar, mas daí constatou que este ‘importado’era um fabricado aqui no Rio Grande do Sul. Só que aqui em nosso pago o preço deste pneu era muito maior do que aquele pelo qual ele foi vendido lá no Uruguai. Ora, qual a explicação para este curioso e vergonhoso ‘fenômeno político-econômico’ senão a exagerada carga tributária cobrada aqui em nosso país?

  Se houvesse menos impostos certamente o salário poderia ser melhor assim como mais empregos dignos poderiam ser gerados. Qual empresa não gostaria de ter seus funcionários trabalhando satisfeitos. Qual funcionário não gostaria de receber um salário mais justo e compatível ao seu trabalho?

  Por que tantas empresas estão optando por fazer as suas malas e descarregá-las em outras freguesias distantes ou mesmo próximas como, por exemplo, na Argentina? Por que no Brasil aquele cidadão que quer produzir, vender, prestar serviços e gerar empregos é praticamente punido por isso?

  Ora, segundo a versão oficial, o dinheiro pago em impostos é revertido em benefícios ao cidadão. Mas qual proteção seria esta senão o acesso à saúde, a educação e a segurança?  Mas por acaso a oferta de saúde pública no Brasil corresponde de alguma forma aos valores exorbitantes que pagamos de impostos? E a educação por acaso corresponde? E a segurança pública? Pois bem, se estas três funções básicas do Estado estão com um escandoloso déficit para com a população apesar da alta carga tributária, não é mais do que óbvio que existe uma sangria que deve ser cauterizada?  

 Por que este cidadão, assim como grande parte do povo simples, trabalhador precisa pagar a conta de um esbanjamento geral e diário do dinheiro público entre nossos políticos? Por exemplo, os gastos secretos com cartões corporativos. Nós trabalhamos, pagamos imposto sobre qualquer bem que adquirirmos enquanto esta verdadeira ‘casta dominante’ gasta milhares de reais por dia, com o dinheiro público (dos nossos impostos abusivos) para comprar o que bem entender sem que possamos saber o que, pois obviamente tudo é uma questão de ‘segurança nacional.’


    Como podemos chamar isto tudo senão de palhaçada? E o pior é que os palhaços somos nós!

RELIGIÃO > A DESMORALIZAÇÃO DAS RELIGIÕES (OU, RELIGIÃO LTDA)


Não tenho dúvidas de que a disputa incansável por mais e mais fiéis é sem dúvida uma das maiores causas da desmoralização das instituições religiosas. Nestas disputas, assim como nas mais acirradas concorrências comerciais, muitas religiões procuram se adaptar às exigências de seus fiéis ou consumidores que na maioria das vezes estão atadas as constantes mudanças comportamentais de uma sociedade cada vez mais distante de Deus.

  Adaptar-se a todas estas mudanças passou a ser uma questão de sobrevivência comercial para a maioria das religiões. Em contrapartida, questioná-las transformou-se num 'risco inútil' que poucos benefícios poderiam trazer para o seu crescimento e sua popularização. Uma propaganda negativa quanto a sua tolerância para com as modernidades com certeza acarretaria em muitas deserções de suas fileiras e conseqüentemente sérios prejuízos financeiros. Pois, hoje em dia, o produto que uma religião coloca neste mercado cada vez mais exigente deve ser capaz de agradar não só aos seus fiéis, mas também de atrair outros seguidores, ou consumidores em potencial. Pois ao contrário, se o produto oferecido não corresponder às expectativas tanto de uns como de outros, estes com certeza vão simplesmente bater a porta da concorrência.

  Nesta busca por mais e mais seguidores muitas religiões estão deixando de lado a rigidez ética, estão abrindo mão do dever de propor normas de condutas e de ensinar o que é certo e o que é errado aos seus seguidores. A exigência hoje em dia é uma característica dos fiéis.

  No entanto, mesmo o termo 'fiéis', em muitos casos já não condiz mais com a verdade, pois a fidelidade por uma única crença deixou de fazer parte da personalidade de milhões de consumidores de religião. Estes trocam de religião como quem troca de roupa, pulam do catolicismo para o espiritismo, para umbanda e desta para as religiões neopentecostais. Freqüentam templos dispares, praticando um sincretismo pessoal sem qualquer compromisso com esta ou aquela doutrina. Vão atrás de sensações fortes e imediatas, atrás de emoções, de transes e de um verdadeiro espetáculo. Alguns novos fiéis não se contentam mais em orar incansavelmente para obter futuramente alguma graça. Querem receber esta graça de imediato. Não se contentam mais em freqüentar missas e cultos onde ouvirão um sermão, onde receberão ensinamentos éticos e morais. Querem um contato direto com Deus e uma interferência imediata Deste para lhes trazer alívio. Pois, para os consumidores religiosos a prioridade é o alívio imediato para o sofrimento do corpo físico e a resolução de seus problemas cotidianos, inclusive econômicos. A alma pode esperar. Por isso qualquer doutrina é válida desde que possam corresponder as suas expectativas temporais.

   Embora muitos supostos fiéis, embalados pelos ventos da liberdade religiosa, acendem uma vela em cada altar e se sujeitam a fazer trabalhos ‘mágicos’ em terreiros de religiões afro-brasileiras ao mesmo tempo em que freqüentam a Igreja Católica ou algum culto protestante; existem outros que permanecem verdadeiramente fiéis a sua religião, no que, muitas vezes se decepcionam ao perceber que ela própria não está mais completamente comprometida com a sua doutrina tradicional. Tudo em nome da concorrência cada vez mais acirrada por novos adeptos ou para manter os que já tem.

  Enquanto isso o comércio religioso cresce vertiginosamente e movimenta ano a ano cifras cada vez mais consideráveis. Os vendilhões novamente se instalaram no templo de onde oferecem, para o alívio de seus fiéis, desde CD’s e DVD’s até medalhinhas, imagens, velas de todos os tipos, incensos e até mesmo frascos com água abençoada, supostamente do rio Jordão. 

  Ora, estas religiões, no que se refere às cristãs, parecem esquecer que o motivo de sua existência é a crença em um Deus único e imutável e a pregação do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. Parecem esquecer que a sua função não é agradar aos homens e sim ensinar a eles o que agrada a Deus. De que adianta para uma religião atrair milhares de novos seguidores se para obter este feito ela se afastou, mesmo que pouco, da sua verdadeira função? 
  Se um fiel necessita de um espetáculo grandioso para sentir-se atraído pelo evangelho, ESTE MERECE VERDADEIRAMENTE A SALVAÇÃO? Se um fiel necessita de provas concretas do poder de Deus para reforçar a sua fé, esta FÉ É VERDADEIRA? Se este fiel moderno, adepto do ver para crer, nunca viu pessoalmente Jesus fazer algum milagre, será que ele acredita verdadeiramente Nele? Fé, a meu ver, é o mistério de acreditar cegamente naquilo que a gente não pode ver, é acreditar que Jesus está zelando por nós e que Ele nos ouve através de uma oração persistente, sem a necessidade de tumultos, de gritaria, de cantorias e de espetáculos. Afinal o próprio Jesus ensinou:
  “E quando orares, não seja como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu quando orares entra em teu aposento e, fechando a porta, ora a teu Pai que está secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”. (Mateus 6; 5 e 6)

  Penso que a fé que depende de provas e demonstrações sensacionalistas para sobreviver não se distingue muito do racionalismo e do materialismo ateu.



(Clávio Schütz)  

EDUCAÇÃO > PEDESTRES TAMBÉM SÃO CULPADOS...

 


     
   O grande problema do Brasil é a educação? Sem dúvida, mas como este termo é bastante abrangente gostaria de dividir com você leitor (a) a minha opinião sobre uma área específica: a educação no trânsito.

    Ironicamente pretendo seguir na contramão deste assunto, pois as leis brasileiras, nesta área, seguem mão única: a punição aos condutores de veículos automotores. Este pressuposto de que ‘os maiores são responsáveis pelos menores’ é a meu ver um dos erros mais crassos de nossa legislação e uma das grandes causas de atropelamentos. Simplesmente por que a maioria dos pedestres, ao não serem cobrados em sua conduta pelas autoridades, acabam se tornando um tanto que licenciosos.  

    Procure caro(a) leitor(a) observar em nossas ruas e vejam se este é ou não é um problema sério de educação. Tente contar quantos pedestres procuram à faixa de segurança para atravessar a rua ou avenida. E destes, quantos aguardam o sinal verde (quando há) para seguirem seu curso. Aliás, muitos parecem até mesmo desconhecer a existência da faixa e do semáforo para pedestres. Por isso o que vemos em nossas cidades são verdadeiras ordas de pessoas cruzando de qualquer maneira  suas movimentadas vias, arriscando suas vidas e as vidas de outras pessoas sem que o poder público intervenha para coibir este tipo de atitude irresponsável.
   Pessoalmente, observo todos os dias, enquanto espero o sinal verde para atravessar alguma rua ou avenida, dezenas de pessoas avançando com o sinal fechado, muitas vezes obrigando os carros a pararem. Algumas olham para mim com certo ar de deboche, julgando provavelmente que eu não saiba sequer atravessar uma rua. Infelizmente acredito que muitos desses indivíduos julgam-se mais espertos do que os outros ao atravessarem as vias públicas mais rapidamente, ignorando totalmente qualquer sinalização.  

   É claro que não estou querendo dizer que todos os motoristas são inocentes e que todos os pedestres são culpados pelos atropelamentos. Como exemplo, cito aqueles condutores que avançam o sinal quando este está no amarelo, quase passando para o vermelho, lançando-se sobre a faixa de segurança que já estava liberada para o fluxo de pedestres. Ou então, aqueles motoristas que trafegam em velocidades incompatíveis para com as zonas urbanas. Ou ainda, àqueles que transitam falando ao celular ou que bebem antes ou durante o ato de dirigir. Existem maus motoristas e existem maus pedestres e, creio que ambos deveriam ser educados para tornar o nosso trânsito mais seguro.  

   Quanto aos pedestres, sugiro que num primeiro momento, as Guardas Municipais, que afinal são polícia de trânsito, instruam os pedestres, um a um se for preciso, a seguirem duas normas para atravessarem as ruas:

      1ª) utilizar sempre a faixa de segurança, obviamente quando houver uma.
      2ª) só avançar sobre a faixa quando o sinal para pedestres estiver verde, logicamente se houver este semáforo.

   Num segundo momento, sugiro campanhas municipais, estaduais e uma federal, instruindo os pedestres sobre seus direitos e deveres. Se nada disso funcionar, creio que a lei deva estipular multa para aqueles pedestres que não respeitarem a sinalização. Afinal, a lei é ou não é para todos?

    Temos que mudar este conceito de que “os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”.

   Ora, quem deve ser responsável por um acidente é quem o causou, indiferentemente do porte de seu veículo ou da falta deste. Todos, em seu juízo perfeito, devem ser responsabilizados por seus atos. Devem respeitar o espaço de outrem, ter direitos a usufruir e deveres a cumprir, inclusive no trânsito.

   Em minha opinião este é o caminho que devemos seguir para diminuirmos o número de atropelamentos e ainda por cima colocarmos um pouco de ordem no trânsito cada vez mais caótico de nossas grandes cidades.             
   

(Clávio Schütz)

MEIO AMBIENTE > O TRÁFICO DE ANIMAIS



O tráfico de animais é um problema tão sério que já é o terceiro maior negócio ilícito do mundo, perdendo apenas para o comércio ilegal de armas e de drogas, superando o de pedras preciosas. Estima-se que este tráfico movimente anualmente 10 bilhões de dólares em todo o mundo. Sabe-se que os principais países compradores são europeus, asiáticos e os Estados Unidos. Ao mesmo tempo em que os principais exportadores são países que possuem as faunas mais exuberantes como Brasil, Colômbia, Peru, Indonésia e alguns países africanos.

Todos os anos milhões de animais são retirados de seu habitat para serem vendidos a colecionadores particulares, zoológicos, aquários, centros de pesquisa, indústrias químicas e farmacêuticas, comerciantes de peles e de órgãos. Estima-se que de cada dez animais traficados, nove morrem durante o transporte devido à precariedade do mesmo, aos maus tratos, ou aos sedativos que lhes são administrados para que permaneçam em silêncio e não denunciem seus captores. Estes captores, aliás, não possuem a mínima piedade e muitas vezes em suas capturas matam os espécimes adultos para capturar os filhotes, que valem mais, ou até mesmo para surrupiarem ovos que são cada vez mais apreciados no mercado-negro. A crueldade é um ingrediente bastante farto no caráter destes criminosos o que se opõe de forma drástica a pouca severidade com que eles, ao serem presos, são punidos pelas leis existentes.

Aliás, muitas leis foram criadas mundo afora para proteger estes animais, no entanto, na prática elas não estão conseguindo burlar a ação destes traficantes especializados. Muitos deles souberam usar muito bem o anonimato da internet para incrementar seus negócios como prova um levantamento feito em 2005 pela ONG Fundo Internacional para o bem-estar dos animais (IFAW, em inglês): em apenas uma semana de investigação 9 mil animais e partes de animais estavam a venda em sites de comércio, destes 9 mil, 70 % eram de espécies protegidas pela Convenção Internacional de Comércio de Espécies em Perigo (CITES,em inglês), o que confirma a ineficiência de muitas leis que visavam proteger animais visados por traficantes.

  A situação é tão grave que nem mesmo as espécimes dos zoológicos estão seguras sendo que muitos casos de roubo destes animais já foram registrados, entre os quais destaco estes:  No já distante ano 2000 vinte e oito flamingos foram roubados de um zôo francês. Três anos depois, mais de setenta pequenos primatas sumiram de zoológicos europeus. Em 2007 o único exemplar de um raro macaco, o Saguinus bicolor sumiu do zoológico de Bauru/SP durante a madrugada. Em 2008 até mesmo jacarés, os raros jacarés albinos, sete ao todo, foram roubados do zoológico da Universidade Federal do Mato Grosso. Em 26 de junho de 2010 duas raríssimas Araras azuis sumiram do Zoológico de Guarulhos em São Paulo. Aliás, neste zoológico mais de 100 animais, principalmente aves e jabutis foram roubados entre 2005 e 2010 sendo que durante todo este tempo foram registrados boletins de ocorrência, mas no entanto as investigações só iniciaram cinco anos após o primeiro roubo. Este fato demonstra claramente como, infelizmente, crimes ambientais ainda são tratados com crimes menores. 

  Nem mesmo os parques nacionais estão livres do tráfico, parte por causa da corrupção e parte por causa da fiscalização deficiente. Na Estação Ecológica de Uruçuí-Uma no noroeste do Piauí, local de rara beleza que só começou a ser explorado pelo homem em 2003 e que devido a este isolamento conservou-se intacto durante séculos, o tráfico já se faz presente de forma arrasadora. Animais como o Veado-Galheiro, o Tamanduá-Bandeira, o Tatu-Bola e principalmente Araras e Papagaios começam a desaparecer de forma assustadora.

  No Brasil, o comércio de animais silvestres é proibido por lei desde 1967, porém segue livremente em feiras populares e a beira das estradas. Para variar, não há uma fiscalização eficiente devido a pouca seriedade de nossas autoridades no trato deste gravíssimo problema. Além do mais, a brandura de nossas leis é um incentivo a mais para a ação destes criminosos. Pois de nada adianta a Polícia Federal e os fiscais do Ibama agirem com rigor se as leis não acompanham este mesmo raciocínio.

  Desta forma, a crescente demanda faz com que os traficantes se tornem cada vez mais ousados e sintam-se tentados a correr o risco. Afinal, as penas para este tipo de crime não são tão severas e o lucro depois de concluída uma transação compensa o perigo, como podemos observar a seguir: Um Mico-leão-dourado sai do nosso país por US$ 300 dólares e é revendido por até US$ 25 mil. Uma onça-pintada sai do Brasil por aproximadamente US$ 3 mil e é revendida por US$ 10 mil. Um Tucano-de-bico-preto que é contrabandeado por US$ 200 dólares pode ser negociado no exterior por até US$ 6 mil. Já uma Arara-Azul que dificilmente sai das matas brasileiras por mais de R$ 5 mil pode ser comprada por algum colecionador estrangeiro por até US$ 30 mil. Sabe-se que um colecionador de Cingapura pagou US$ 60 mil por um único exemplar de Arara-Azul-de-Lear que acabou apreendido pela Interpol. Estes exemplos servem para termos uma noção do lucro fabuloso que estes criminosos obtêm à custa da preservação de nossas espécies selvagens. E o que vemos ser feito?

Sabe-se que em nosso país os maiores pólos distribuidores de animais silvestres são as cidades de Belém do Pará e de Feira de Santana na Bahia. No entanto em todo o país é comum encontrarmos à beira das estradas pessoas, muitas vezes crianças, vendendo aves, quelônios, pequenos primatas e toda a espécie de animais menores que podemos imaginar.

Enquanto bichos de maior porte são vendidos em negociações mais sofisticadas, pois obviamente, ninguém vai oferecer uma onça-pintada à beira de uma estrada.

Preocupante também são os casos envolvendo assassinatos de pessoas ligadas a defesa dos animais como o ocorrido no dia 14 de novembro de 2006, quando uma equipe do Ibama foi vitima de um ataque a tiros de caçadores ilegais de tartarugas. Um dos funcionários do órgão (que estava sob contrato temporário) morreu no local e os outros foram obrigados a pular na água, mesmo feridos, para que os criminosos fugissem com a lancha do Ibama. O crime ocorreu no rio Água Boa do Univi em Caracaraí, estado de Roraiama. Segundo depoimentos das vítimas os criminosos aguardavam de tocaia em uma curva do rio e o revide não foi possível pelo fato dos funcionários do Ibama estarem desarmados. A ação estava ligada a uma represália dos traficantes ao intenso combate ao tráfico de quelônios que vinha sendo desempenhado na região.

Mas e nós, cidadãos comuns o que poderíamos fazer?
Penso que devemos, ao menos, denunciar sem medo e sem pena qualquer pessoa que pratique este comércio desumano e ilegal. Devemos exigir que crimes ambientais não sejam mais tratados como “crimes menores”. Devemos exigir penas MUITO MAIS SEVERAS para este tipo de crime. Devemos cobrar das autoridades investigações sérias e que os culpados sejam punidos sejam eles quem for. Com certeza muita gente importante deve estar envolvida no tráfico de animais o que explicaria em parte a sua força, a falta de punições severas e até mesmo a brandura com que este tipo de crime é tratado, pelo menos em nosso país.

Mas se realmente amamos a natureza e respeitamos a vida selvagem, devemos estar atentos e conscientes de que esta guerra também é nossa caro(a) leitor(a). Lembre-se disso quando pegar a estrada nas suas férias e não tenha receio em denunciar, mesmo sabendo da deficiência de nossas leis sobre esta questão. Devemos, sobretudo, não dar tréguas a nossos legisladores, cobrando deles mais seriedade na questão ambiental, embora saibamos que a importância deste assunto sempre foi secundária nas rodas do poder muito mais preocupadas com a barganha política.

(OBS: Este texto foi escrito antes da aprovação do Novo Código Florestal)


(Clávio Schütz)